
Chuck nocauteando Overeem no Pride (foto: Susumo Nagao)
Em passado não tão distante, o UFC comia poeira de Nobuyuki Sakakibara e sua turma.
Na segunda posição, Dana White, malandro, adotou uma política de boa vizinhança.
Afinal, a simpatia dos fãs e o acesso a novos talentos poderiam render bons frutos logo à frente.
Seu maior produto, Chuck Liddell, foi cedido ao GP dos médios de 2003 do Pride para tentar provar um ponto.
Apostas públicas e até rankings com a presença de lutadores do concorrente eram exibidos em suas transmissões (puxando brasa para a própria sardinha, claro).
Eram simpáticos – e deu certo.
Quando escândalos envolvendo cartolas do Pride com a Yakusa – máfia japonesa- derrubou o apoio da TV Fuji, o Ultimate emergiu como alternativa natural.
Hoje, o Bellator, atual nº 2, tem modus operandi bem distinto.
Com a faca nos dentes, brigam com o líder de mercado por cada palmo de terra.
E a rixa tem raízes televisivas.
A Viacom, conglomerado de mídias que controla a Spike TV, fez beicinho quando perdeu o UFC para Fox – e contra-atacou:
Abriu a carteira, comprou os direitos do evento de Bjorn Rebney e o pôs nas mãos da… tcharam! Spike TV!
Os ex-produtores do TUF resolveram, então, aproveitar os anos de expertise e já lançaram o reality show “Fight Masters”, reunindo desafetos declarados de Dana White – Randy Couture, Frank Shamrock e Greg Jackson.
E os números são cada vez mais animadores.
Ótimo, não? Alternativa de qualidade para o público e mais trabalho para os lutadores.
Esses, alias, ainda têm a flexibilidade de fazer um cascalho extra atuando por outra bandeira.
Dudu Dantas no Shooto, Paul Daley no Cage Contender… Não há exclusividade fora dos EUA.
Agora, se o papo for UFC, Rebney sobe nas tamancas.
Estamos em um lugar que ninguém diferente do UFC jamais ocupou no MMA, e acho que é preciso ficar bem claro que o Bellator nunca foi e nunca será um celeiro de lutadores para o UFC. Estamos construindo campeões, e alguns dos maiores lutadores do mundo competem nesta organização. Acredito que temos o maior peso-pena e o maior peso-leve do mundo competindo nesta organização (ele se refere a Pat Curran e Michael Chandler), e acredito que logo vamos ter mais dos melhores lutadores de suas respectivas categorias. Nós não entramos nessa de ser o número 2, e a realidade é que nós não somos simplesmente uma organização que foi concebida para dar às pessoas uma oportunidade, e depois, finalmente, elas poderem fazer a transição para o UFC.
Acho louvável defender o seu com unhas e dentes, mas tal atitude acaba criando um problemão.
Qualquer um com o plausível sonho de pisar no maior palco do planeta é afugentado por restrições contratuais pesadas.
Ronys Torres já revelou a este humilde site que foi cortejado para atuar no GP dos leves de lá, mas respondeu com um “não, obrigado”.
Até o recém-desempregado Leonard Garcia deu o toco…
Eu discordo com o que o Bellator fez com o Eddie Alvarez. Eu acho que uma empresa não deveria segurar um cara dessa forma. Essa é uma das coisas que nem me faz considerar o Bellator. Depois que conversei com o Sean Shelby, tive certeza que o Bellator não seria uma opção.
… E acabou optando pelo Legacy FC:
Meu objetivo é voltar ao UFC e o Legacy me dá a flexibilidade de aproveitar a oportunidade quando ela aparecer

Alvarez portando o cinturão do Bellator
Eddie Alvarez, citado acima pelo peso-pena, tá numa pindaíba danada, coitado.
Assim que seu contrato expirou, Joe Silva apareceu com o malote.
Acontece que o Bellator tinha direito de mantê-lo caso igualasse a oferta.
E foi exatamente o que eles fizeram – dando início à batalha judicial.
O Blackzilian alega que variáveis – como patrocínios mais rentáveis graças à visibilidade superior e participação na receita de pacotes pay per view – colocam o UFC em outro patamar.
Enquanto o juiz não bate o martelo, o cara teve que vender um apartamento para bancar a família enquanto não trabalha.
E o Bellator já deu o papo: não vai largar o osso.
Hector Lombard, ex-campeão dos médios, só pode atravessar a ponte porque a oferta da Zuffa foi exorbitante.
A real é que nem monopólios são eternos.
Se o “Exterminador do Futuro” pintasse na minha frente dizendo que o UFC faliu e o Bellator se tornou a NBA do MMA, não ficaria chocado.
O problema é que, a essa altura do campeonato, chamar o líder de mercado pra queda de braço me parece estratégia mais baseada na emoção do que na razão.
E com dinheiro, meus amigos, não se pode ter vaidade.
Abraços.
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