E aí, sobreviveram ao sensacional UFC 217, com direito a uma chuva de nocautes e três cinturões mudando de mãos na mesma noite?
Eu sei, a emoção foi grande. Mas esse sábado (11) tem mais. Nem que seja pra passar a euforia e curtir sem maiores pretensões.
É o “UFC Fight Night 120: Poirier vs Pettis” que acontece a partir das 21h30 (horário de Brasília), na Ted Constant Convocation Center, em Norfolk, Virginia, Estados Unidos.
Na luta principal, Dustin Poirier enfrenta o ex-campeão do peso leve, Anthony Pettis.
No co-main event, os veteranos Matt Brown e Diego Sanchez se encaram buscando um fim de carreira (será?!) honroso.
Para quem gosta de torcer pelos atletas da casa, nada menos que seis brasileiros entram em ação.
Mas vamos lá aos destaques!
Vai ter trocação, sim!
Dois pesos leves que não fogem da trocação e buscam subir no ranking da categoria. Assim Dustin Poirier (25-5-0-1, 13-4-01 UFC) e Anthony Pettis (20-6, 7-5 UFC) se enfrentam nesta luta principal.
Poirier, desde que subiu para a divisão até 70kg, só perdeu uma, quando foi nocauteado para Michael Johnson.
Venceu Carlos Diego Ferreira, Yancy Medeiros, Joseph Duffy, Bobby Green e Jim Miller com atuações seguras.
Na última aparição, no UFC 211, em maio, vinha levando a melhor sobre Eddie Alvarez, mas por conta de joelhadas ilegais do ex-campeão, terminou em no-contest. Esperava-se que uma revanche fosse marcada, mas a fila andou para ambos.
Já Pettis viveu uma má fase horrível quando perdeu o cinturão dos leves para Rafael Dos Anjos, sendo derrotado em seguida para Alvarez e Edson Barboza. Se aventurou em descer para os penas, venceu Charles do Bronx, mas depois foi nocauteado por Max Holloway, valendo um inventado cinturão interino.
Era visível que para bater 66kg, o Showtime se desgastava de maneira nada saudável. Voltar para a categoria até 70kg era necessário. Nesse retorno, teve uma boa atuação contra Jim Miller, vencendo por decisão.
Se aquele Pettis de golpes plásticos, como o já clássico “showtime kick” com apoio na grade contra Ben Henderson no WEC 53, em 2010, dava indícios de queda de rendimento nas derrotas, contra Miller ele deu vestígios daquele que foi campeão.
Arriscou chutes rodados, usou a grade e dosou o gás, que vinha sendo um problema. Postura que deve se repetir contra o também agressivo Poirier, que bate bem mais pesado do que quando era peso pena.
Apesar de ambos terem bons jiu-jítsu, Pettis tem tirado finalizações do bolso estando em situação de pressão ou mesmo caindo por baixo, como o fez na revanche contra Bendo e na luta contra Gilbert Melendez.
Se o The Diamond tiver levando a pior na trocação e tentar usar o wrestling, como fez contra Duffy, pode ter uma surpresa desagradável. A grande dúvida é qual Pettis vai se apresentar, principalmente num duelo de cinco rounds!
De volta ao passado
Se fosse em pleno 2012, um encontro entre Matt Brown (20-16, 13-10 UFC) e Diego Sanchez (27-10, 15-10 UFC) seria uma promessa de luta épica e sangrenta. Mas em pleno 2017, ambos estão em plena decadência e, em final de carreira, não despertam o mesmo alarde.
O The Immortal, inclusive, já avisou que esse vai ser o seu combate de despedida. A fase não ajuda. Nas últimas seis lutas, venceu apenas uma, contra Tim Means, em 2015. Vem de três derrotas em seguida, para Demian Maia, Jake Ellenberger e Donald Cerrone.
Nas últimas 10 lutas, Sanchez tem quatro vitórias, sendo que sobre Takanori Gomi e Ross Pearson foram garfos descarados, e seis derrotas. O campeão do histórico TUF 1 pelo peso médio passou pelas categorias dos meio médios, peso leve e até uma luta no peso pena.
Mesmo longe do auge, o confronto é interessante pelo estilo agressivo de ambos, com a vontade de vencer acima da técnica.
Brown é um striker por natureza que tem (ou pelo menos tinha) poder de nocaute. Basta lembrar da sequência de sete vitórias em dois anos, sendo só uma por pontos (sobre ninguém menos que Stephen Thompson).
O antigo The Nightmare, agora The Dream, se consagrou pelo estilo frenético, sempre andando para frente e defendendo golpes com a cara. Protagonizou guerras contra Clay Guida, BJ Penn, Martin Kampmann, Gilbert Melendez, entre tantos outros.
Mas aos 35 anos, a resistência não é mais a mesma, tanto que foi nocauteado rapidamente por Joe Lauzon e Al Iaquinta. E é fato: a categoria dos meio médios não é a dele! Nesta altura de campeonato, ele voltou apenas porque não quer cortar peso.
Brown é mais alto e mais forte. Mesmo na derrota para Cerrone, deu trabalho! Se Diego quiser vencer, vai precisar conter o instinto kamikaze e lutar de maneira estratégica, como na vitória sobre Marcin Held.
Se rolasse um nocaute duplo e os dois anunciassem aposentadoria juntos ao final, nem seria ruim!
Ou promove ou se retira de vez
Só mesmo a escassez da categoria dos pesos pesados para garantir a permanência do veterano Andrei Arlovski (25-15-0-1, 14-9 UFC). Afinal, são cinco derrotas em seguida! E a fase pode trazer uma promoção e tanto para o brasileiro Júnior Albini (14-2, 1-0 UFC).
O russo, que foi campeão do UFC lá em meados de 2005, chegou a engrenar quatro vitórias nessa segunda passagem, mas depois que caiu para Stipe Miocic, foi parado também por Alistair Overeem, Josh Barnett, Francis Ngannou e Marcin Tybura.
Se o queixo já não era o seu ponto forte, hoje aos 38 anos, é menos ainda, tanto que apenas a derrota para Tybura foi para as papeletas dos jurados. Foi nocauteado três vezes e finalizado uma.
O paranaense Júnior Albini, também conhecido como Baby (não pensem na música chata do Justin Bieber como aconteceu comigo, por favor), só tem uma luta pela organização. Mas estreou deixando a sua marca nocauteando o “Freddie Mercury da borracharia”, Timothy Johnson, no primeiro round, em julho deste ano.
A experiência de Arlovski pode influenciar, pois o brasileiro nunca enfrentou alguém do nível dele. E vencer virou caso de sobrevivência, pois perder a sexta seguida é assinar a demissão ou aposentadoria.
Baby é nocauteador, tendo vencido seis oponentes por nocaute, mas também desenrola bem no solo, com o mesmo número de triunfos por finalização. Mas nesta luta, a tendência é que eles saiam na mão até um cair!
Se o brasileiro vencer um ex-campeão, será um ótimo trampolim para ele nessa desgastada categoria. E uma história e tanto de superação para o jovem de 26 anos que começou na luta para enfrentar a obesidade mórbida.
De volta ao passado – Parte 2
Assim como Brown x Sanchez, o embate entre Joe Lauzon (27-13, 14-10 UFC) e Clay Guida (33-17, 12-11 UFC) seria um potencial main-event se tivesse acontecido no passado. Mesmo assim, é promessa de diversão para os fãs old-school do esporte.
A real é que nenhum dos dois têm um cartel que impressione e sequer tiveram grandes sequências de vitórias no UFC. Mas são conhecidos por já terem protagonizado combates emocionantes, quase sempre contra rivais de alto nível.
Lauzon, inclusive, é um verdadeiro “papa-bônus”: tem 14 no total, com destaque para a sangrenta luta contra Jim Miller no UFC 155, em 2012. Os últimos resultados foram controversos: vitória sobre Marcin Held, que nem ele reconheceu, e uma derrota apertada para Stevie Ray, em abril.
O “Capitão Caverna”, Guida, é um personagem e tanto, seja pelo visual rústico, os cabelos desgrenhados ou mesmo os arrotos nos intervalos entre os rounds. Mas a melhor fase foi lá entre 2010 e 2011, quando venceu Rafael Dos Anjos, Takanori Gomi e Anthony Pettis.
Se aventurou por três anos na categoria dos penas, onde o conhecido poder de absorção de golpes teve o prazo de validade exposto, sendo nocauteado por Chad Mendes e Brian Ortega. Mas na última atuação, voltou aos leves e mostrou que ainda tem lenha para queimar, dominando Erik Koch por três rounds.
Inevitavelmente em algum momento a luta vai para o chão, onde é a especialidade deles. Enquanto Guida é wrestler de alto nível e com uma força grande para a baixa estatura, Lauzon tem um jiu-jítsu afiado, tendo 18 vitórias por esse meio, sendo que a última foi em 2012.
Ambos têm uma trocação razoável, mas a movimentação do The Carpenter, que é capaz de passar três rounds pulando, é o diferencial. Levando em conta que derrubar não vai ser fácil para J-Lau, cabe a ele a tarefa ingrata de tentar desenrolar o combate em pé, ainda que o cavernoso seja bem “finalizável”.
Baixinhos talentosos
Sempre tem aquela luta que ninguém entende porque cargas d’água está no card preliminar. Esse é o caso de John Dodson (19-8, 8-3 UFC) contra Marlon Moraes (18-5-1, 0-1 UFC), duelo que vai exigir rapidez até dos olhos de quem assiste para conseguir acompanhá-los.
Dodson, campeão do TUF 14 e duas vezes desafiante ao cinturão do peso mosca, só perdeu no UFC para Demetrious Johnson e John Lineker. É uma “formiga atômica”, ligado o tempo todo no 220V e com um peso nas mãos que não condiz com o tamanho.
Depois que voltou para o peso galo com um nocaute relâmpago sobre Manvel Gamburyan, se recuperou do polêmico revés (que poderia ter ido para qualquer um) para Lineker com uma vitória por decisão sobre Eddie Wineland sem tanta emoção.
Moraes finalmente chegou ao UFC sob muita expectativa, com o respaldo de ser campeão dominante dos galos do extinto World Series of Fighting (WSOF). Mas na estreia, perdeu para Raphael Assunção numa equilibradíssima decisão dividida no UFC 212, em junho.
Mas antes desse resultado, vinha de nada menos que 13 vitórias em seguida. Conta com um muay thai de primeira linha, com socos fortes, chutes na cabeça e nas pernas que desestabilizam qualquer adversário. Além disso, é faixa marrom de jiu-jítsu de Ricardo Cachorrão.
O sempre sorridente americano é mais rápido e nada fácil de ser encontrado no octógono. Porém, é quase 10cm mais baixo que o brasileiro, que também conta com uma maior envergadura.
Percebia-se que Moraes estava um tanto nervoso na luta contra Assunção por ser a estreia no maior evento do mundo e não soltou o jogo como é capaz. Vencer um rival do nível de Dodson pode colocá-lo no top 5 da categoria. Não pisque!
Card completo
Dustin Poirier x Anthony Pettis
Matt Brown x Diego Sanchez
Andrei Arlovski x Júnior Albini
Nate Marquardt x Cezar Mutante
Raphael Assunção x Matthew Lopez
Joe Lauzon x Clay Guida
John Dodson x Marlon Moraes
Tatiana Suarez x Viviane Sucuri
Sage Northcutt x Michel Quiñones
Angela Hill x Nina Ansaroff
Court McGee x Sean Strickland
Jake Collier x Marcel Fortuna
Darren Stewart x Karl Roberson
Vale assistir?
Depois do UFC 217, é normal o nível de exigência subir um pouco. Mas analisando friamente, com os pés no chão, esse evento em Norfolk está com um dos card mais legais entre os Fight Nights do ano.
Começando pela luta principal, entre Poirier e Pettis, que não deve deixar a desejar em nada para quem curte uma boa pancadaria. Joe Lauzon, Clay Guida, Matt Brown e Diego Sanchez podem até estarem mais pra lá do que pra cá, mas são casamentos que atiçam a curiosidade dos fãs.
Dodson x Moraes vai fechar o card preliminar na ordem das lutas, mas podemos batizar ela como o “co-main event do coração” para os que apreciam ver habilidade no octógono. Se Arlovski não empolga mais, pelo menos podemos ter o Baby, uma promessa brasileira, crescendo no peso pesado.
Por sinal, o que não falta é brasileiro nesse card. Incluindo o subestimado Raphael Assunção, um legítimo top 5 dos galos, mas sem apelo por não proporcionar lutas tão interessantes. Recebe o bom, mas bem inferior Matthew Lopez, que está apenas 2-1 no UFC. Mesmo se vencer, o caminho do pernambucano ao cinturão parece longo.
Lembram que o combalido Nate Marquadt pediu uma revanche que ninguém quer ver contra Vitor Belfort? O máximo que conseguiu foi o pupilo dele, Cezar Mutante, buscando se recuperar de derrota polêmica para Elias Theodorou. Pela fase do americano, o campeão do TUF Brasil 1 tem boas chances se lutar de maneira pragmática.
Ainda estão no evento nomes que valem ficar de olho como a embalada cearense Vivivane Sucuri e Nina Anraroff, namorada da campeã Amanda Nunes. E Sage Northcutt? Bom, o mini-Ivan Drago está lá, mas não precisa de holofotes.
Então, levando em conta que o card está recheado de nomes, digamos, ultrapassados, mas ainda na ativa, por que não prestigiar nossos avós e pais?! Chama eles para entrar no clima dos “Embalos de Sábado à Noite”. Usa a desculpa que tem um monte de brasileiro pra torcer e você quer mostrar pra eles que MMA não é só violência.
Eu sei, a tarefa é quase impossível. Mas divirta-se e tenta entrar no clima retrô. Entre uma luta e outra coloca a trilha-sonora dos Bee Gees e simula uma discoteca. Mas se convença. Uma hora vão pedir pra tocar alguma do rei Roberto Carlos. Releva, faz parte da brincadeira!
Seguir thiagosamp-
Tiago Nicolau de Melo
-
André Guilherme Oliveira
-
Thiago Sampaio
-
André Guilherme Oliveira
-
-
Tiago Nicolau de Melo
-
-
-
André Guilherme Oliveira
-
William Oliveira
-
André Guilherme Oliveira
-
William Oliveira
-
André Guilherme Oliveira
-
William Oliveira
-
magnuseverest
-
André Guilherme Oliveira
-
-
-
-
Thiago Sampaio
-
André Guilherme Oliveira
-
Thiago Sampaio
-
-
-
-
Tarley Guimarães Ferreira
-
Thiago Sampaio
-
-
William Oliveira
-
Thiago Sampaio
-
William Oliveira
-
-
-
Thiago Tanikawa
-
Gustavo Martinek
-
Thiago Sampaio
-
-
Pablo Ramalho
-
Thiago Sampaio
-
-
Idonaldo Gomes Assis Filho
-
Thiago Sampaio
-
-
Paulo Zanchet
-
Thiago Sampaio
-
Paulo Zanchet
-
-
-
Flavio Marques
-
Niko Oliveira
-
Thiago Sampaio
-
William Oliveira
-
-
-
Tairon de Oliveira