Amigos do Sexto Round,
No último fim de semana, Colby Covington partiu pra ignorância e tornou-se, com larga margem de vantagem, o “inimigo número um” do Brasil no MMA.
Aliás, pra não passar batido, destaco o que considero a cobertura extremamente condecendente e com falta de isonomia feita pela imprensa internacional a cerca do fato.
Vejam bem, eu, nem de perto, sou um nacionalista e a mim pouco incomoda o que diz ou brada qualquer um, mas ficou bastante claro a diferença de posicionamento dos colegas de mídia mundo afora quando a situação envolveu um americano (basta lembrar de episódios como o recente ataque de Fabrício Werdum ou até a lamentável caça às bruxas contra Bethe Correia).

“Claro que é meu, paguei $400 nele”, disse Sonnen
Enfim, a história toda levantou comparações entre Covington e Chael Sonnen.
Eu, assim como outros colegas do Sexto Round, achamos que as histórias não têm tanto assim em comum, embora ambos tenham sido odiados pelos brasileiros, e por isso nesta semana relembrarei dos tempos em que Sonnen era o grande vilão do público tupiniquim.
A diferença primária entre o caso de Covington e Sonnen é o alvo. Enquanto o primeiro chamou na “xinxa” todo o país, passando por cima até do seu adversário Demian Maia, o Gangster de West Linn mirava em um lugar claro: o então campeão dos médios Anderson Silva – e posteriormente o ex-campeão do Pride Wanderlei Silva.
Coloco abaixo uma entrevista que exemplifica muito bem a diferença entre o personagem Sonnen e o verdadeiro Sonnen. Apesar de manter algumas provocações e o jeito canastrão, o ex-desafiante ao cinturão manteve clara uma linha em que se faz possível diferenciar o que é promoção.
Vejam bem, não é que Sonnen nunca tenha cruzado a linha tênue que divide a promoção de lutas e a falta de respeito, mas, em linhas gerais, o que se viu de forma constante foi um alvo claro e demonstrações, até mesmo antes da luta, mas principalmente depois, de que o objetivo era conseguir as lutas contra Anderson.
A história de Sonnen vs Silva começa imediatamente após a surpreendente vitória de Chael sobre Nate Marquardt no UFC 109, em 6 de fevereiro de 2010. Na ocasião, após uma das vitórias mais importantes de sua carreira, o americano pegou o microfone e mandou um recado ao campeão.
Esse cara é tão real quanto o monstro do lago Ness. As pessoas falam que ele é o melhor lutador da atualidade. Se isso for verdade, o Pé Grande está por aí nas florestas. Se ele precisa ser exposto, eu farei isso”, disse Chael.
As provocações surtiram efeito e Sonnen ganhou seu title shot, muito também por conta da série de vitórias em que vinha e a completa ausência de desafiantes àquela altura.
Ademais, Anderson também vinha de uma de suas lutas mais controversas, diante de Demian Maia em Abu Dhabi, e colocá-lo diante de tamanho desafio promocional era uma excelente oportunidade para o UFC: a) puní-lo; b) e ainda por cima movimentar o aspecto comercial do Spider, que sempre foi seu calcanhar de aquiles.

Sonnen esteve perto de bater Anderson na primeira luta
Nos meses que se passaram, Sonnen manteve-se tão ativo quanto possível na mídia, enquanto Anderson preferiu a reclusão dos treinos. Neste interim, o americano brindou os fãs com algumas tiradas muito bem planejadas e outras nem tanto.
Ele disse que Anderson sabia falar inglês perfeitamente e na verdade se recusava a atender a mídia. Na mesma oportunidade, ainda disse que português era uma língua fácil e Ed Soares rezava para um deus pigmeu. Foi também nessa época que Sonnen jurou, de pés juntos, que viu os irmãos Nogueira alimentando um ônibus com uma cenoura – frase que ele volta a repetir no vídeo acima.
Falando de Minotouro e Minotauro, eles foram mencionados novamente quando Chael foi questionado se o jiu-jitsu de Anderson o preocupava. “Ter uma faixa preta dos irmãos Nogueira é a mesma coisa de falar que eu ganhei um brinquedo no meu McLanche Feliz“.

…e nem tanto assim na segunda.
As declarações de Sonnen repercutiram não só no Brasil, mas também em seu país-natal, onde o site Huffington Post fez uma matéria dura sobre “quem era o verdadeiro Chael Sonnen”. Ao se defender, o atleta se enrolou e chegou a negar que tinha uma conta no Twitter, conforme mencionado no artigo, o que acabou rapidamente se provando falso.
A primeira luta entre Anderson e Sonnen veio e o americano, ao contrário do que muitos imaginavam, foi um adversário à altura (que acabou pego no antidoping depois, é bom que se frise). Nas papeletas dos juízes, ele, aliás, levava ampla vantagem antes de ser pego naquele triângulo histórico a poucos minutos do fim.
A derrota seguida de falha no exame antidoping parecia que marcaria o fim da história entre Sonnen, Silva e os brasileiros. Anderson foi enfrentar Vitor Belfort, e depois Yushin Okami no UFC Rio, e Chael teve que recomeçar seu caminho diante de Brian Stann e Michael Bisping.
Enquanto Anderson se consolidava como o maior campeão de sua geração, e para muitos o maior da história, Sonnen provou que, na verdade, só estava esperando recuperar a atenção dos fãs novamente para voltar a atacar o brasileiro, já que a esperada revanche imediata entre eles acabou não acontecendo – mais uma vez, por conta de seus níveis de testosterona mais altos que Stefan Struve e Giant Silva juntos.
Após bater Stann no UFC 136, Sonnen proferiu uma das frases mais marcantes de toda a trajetória de rivalidade entre os dois. “Anderson Silva, you absolutely suck!“. Este foi apenas só mais um capítulo da saga que levou Sonnen onde ele queria: a revanche contra o Spider.

Ele ainda veio ao Brasil treinar um TUF
Pouca gente se lembra, mas essa luta era pra ter acontecido no Rio de Janeiro, no UFC 147, que também teria a final do The Ultimate Fighter Brazil 1 e seria, sem sombra de dúvidas, um dos maiores e mais populares cards já realizados no Brasil.
No entanto, a conferência das Nações Unidas Rio+20 acontecia na Cidade Maravilhosa justamente na mesma semana em que se planejava o evento, do dia 23 de junho de 2012 . Assim, o card foi transferido para Belo Horizonte e passou a ter como luta principal Vitor Belfort x Wanderlei Silva, técnicos do TUF – a luta também melou e Wand acabou enfrentando Rich Franklin.
Com toda esse cenário, Silva vs Sonnen 2 foi parar no evento seguinte, o UFC 148, em Las Vegas. A promoção dessa luta inclui a passagem da dupla pelo Brasil e viu também um dos já citados momentos em que Sonnen “cruzou a linha”, mas com que Anderson lidou surpreendetemente bem.
Diga ao Anderson Silva que eu estou indo na casa dele, vou chutar a porta de trás e cutucar sua mulher na bunda dizendo pra me fazer um bife, ao ponto, do jeito que eu gosto”, declarou o falastrão.
O resultado, mais uma vez, não favoreceu Sonnen e ele foi novamente derrotado por Anderson. Desta vez, no entanto, não houve nem tempo de dar a surra do primeiro encontro, pois o nocaute técnico veio logo no segundo assalto.

E ainda saiu na mão com Wand durante as gravações
Mais uma derrota na conta, mais uma vez parecia que a história de Sonnen com o Brasil havia chegado ao fim. Não tinha. Ele ainda enfrentou Maurício Shogun, em uma luta que talvez tenha sido sua mais “comedida” em termos de ataques ao rival – pelo contrário, Chael demonstrou enorme empatia e respeito por Shogun, mesmo depois da vitória.
Com todo esse retrospecto e uma crescente rivalidade contra Wanderlei Silva, parecia natural que os dois viessem a se enfrentar e o cenário estava todo armado: o homem mais odiado do Brasil, contra um ex-campeão idolatrado pelas massas e a cereja do bolo sendo um TUF Brasil encabeçado pela dupla.
Escute, Wanderlei, eu vou invadir a sua casa. Eu vou cortar a energia e a próxima coisa que você vai ouvir são meus passos subindo as escadas com óculos de visão noturna que eu comprei na revista Soldier of Fortune. Eu vou destrancar a porta da suíte, tirar uma foto sua na cama com os irmãos Nogueira treinando seu jiu-jitsu. Vou pegar essa foto e postar em www.dorksofbrazil.com, não precisa de usuário ou senha. Dessa forma, Wanderlei, é como se ameaça alguém”, disse Chael.
Mas é justamente aí que nossa história tem o seu plot twist e Chael Sonnen passa a se tornar um atleta bem quisto pelos brasileiros – com o nome de Wanderlei sendo inclusive vaiado durante o TUF Brasil 3 Finale no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Todo o desenrolar do TUF favoreceu Sonnen, que capitalizou sobre a relação conturbada dentro da casa e, principalmente, na briga entre ele e Wanderlei, um dos momentos mais marcantes e antecipados da temporada.
Com isso no entanto, saímos da seara da vilania de Sonnen e, portanto, torna-se assunto para outro Flashback.
Abraços!
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