Não foi uma surra bíblica, mas teve um climão mais maquiavélico, se é que vocês me entendem.
Sim, temos um novo campeão dos leves! Surpreendente? Sem dúvida. E cá entre nós, meus camaradas: que lavada.
Tudo bem que Rafael dos Anjos entrou credenciado para o combate contra Anthony Pettis no UFC 185. Mas nem o sujeito mais otimista poderia prever um monólogo tático tão acentuado sobre um dos campeões mais talentoso da atualidade…
Na coluna da semana passada, coloquei o nível crescente de obediência tática do brasileiro como grande mote para a evolução geral estilística nos últimos tempos.
Nesta que foi a empreitada mais cascuda da carreira, o ‘conjunto movido à dedicação’ novamente foi o combustível que permitiu o brasileiro manusear completamente a dinâmica do combate durante 25 minutos.
Vamos dar uma olhada mais de perto.
Cartas na mesa
Rafael dos Anjos não segue nenhuma fórmula fora do comum, mas seu estilo tem apresentado poucas rebarbas.
Ele é totalmente incisivo no começo dos rounds, sem fugir de qualquer troca de golpes de igual para igual. Da metade para frente – ou mesmo antes, quando fareja alguma brecha – modifica a dinâmica dos golpes e visa setups (preparações) para o grappling.
A noção de isometria é pesada, mas ao mesmo tempo parece natural.
Personalizada com o misto de instinto e funcionalidade já característico dos atletas de ponta da Kings MMA, a tática parece simplista, mas surte o efeito desejado apenas se os fundamentos e transições de striking/grappling estiverem perfeitamente balanceados.
Dos Anjos não é um lutador repleto de marcas registradas ou diferenciais. Então nada vai funcionar na prática se um dos setores estiver ‘mais ou menos’.
Famoso pela versatilidade, Pettis mais uma vez recuou quase o tempo até ficar com as costas perto da grade do octógono (como havia feito no combate contra Gilbert Melendez), aceitando a pressão e tentando contragolpear apenas com cruzados de direita.
Aos poucos, excesso de confiança e falta de inspiração se confundiam.
Usada em outros combates como recurso para golpes acrobáticos, as grades do octógono desta vez foram o começo do fim para o norte-americano. No final da primeira etapa, o Showtime já bufava pesado.
O pacotão de striking que o brasileiro trouxe para o desafio estava bem definido.
O primeiro passo foi o mais simples: avançar, aguardar o recuo – e a possível iniciativa do oponente – para despejar sequências de até cinco golpes.
A partir daí, aproveitar as saídas laterais do norte-americano para acertá-lo no contrapé.
Canhoto, Dos Anjos usou fortes chutes médios de esquerda como boas-vindas no começo do combate, aproveitando a movimentação insistente do adversário para a direita, ou seja, de encontro a seus golpes mais fortes.
Quando Pettis resolveu circular para o outro lado (direito), foi atingido com rápidos jabs e combos hook/cruzado de direita.
Aliás, o primeiro soco conectado pelo brasileiro foi crucial para ditar a dominância no restante da luta.
Dos Anjos mandou forte cruzado de esquerda no supercilho do norte-americano. A parte de cima do olho inchou, metade da visão periférica ficou prejudicada e a confiança de Pettis – longe do auge naquela noite – começou a minguar.
Agressão prudente
Pettis se mostra letal quando domina ações da média para a longa distância. Isso se traduz em rápidos socos e fintas seguidos de chutes potentes disparados nos mais diversos formatos.
Falha mais visível de movimentação em combates recentes, o carioca recuou bem menos desta vez.
Após a maioria dos ataques, Dos Anjos dava apenas um leve passo para trás se atacado, mas prontamente se postava e seguia o cerco ao oponente, aliviando as chances de ser atingido pelo chutes que Pettis tanto gosta de mandar quando os adversários retrocedem demais.
O norte-americano foi desleixado e ineficaz quando pressionado. E viu o caldo entornar conforme o tempo passava.
Conclusão
A lição principal que ficará por algum tempo é que qualquer estilo de luta, por mais intimidante que possa parecer, é passível de falhas a serem exploradas.
Durante 25 minutos, Dos Anjos desbancou Pettis da condição de gênio e o transformou em um lutador normal.
Agora, entra para a história como o primeiro brasileiro a ser campeão em uma das divisões mais povoadas e complexas do UFC. O carioca pode não ser o detentor de cinturão mais perfeito e carismático da organização.
Mas sabe cada vez mais tirar proveito do caráter multidisciplinar da modalidade para atestar os atributos com uma mistura técnica e tática forjada a sangue, suor e treino duro.
Desta vez, valeu muito mais que confiar apenas no ‘berço’.
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