
A foto da discórdia
Nos últimos meses, especialmente após o fim do polêmico TRT e alguns episódios envolvendo grandes nomes (como Vitor Belfort, Chael Sonnen e Wanderlei Silva), a questão do rigor no controle antidoping voltou a ser pauta forte no universo do MMA.
A bola já havia sido levantada por Georges St. Pierre, que apontou a indignação diante do abuso de substâncias para aumento de performance como uma das principais causas para sua aposentadoria/hiato na carreira.
Feito repetido recentemente por seu colega de Tristar Gym Mark Bocek.
Houve quem chiasse com as palavras de GSP, como Johny Hendricks, seu último adversário, que desgostoso com a insistência do rival no tema disse para que o canadense “não tentasse levar seu nome para a lama”, pois era ele quem havia convivido com suspeitas e acusações nos últimos seis anos (principalmente por parte de Nick Diaz e BJ Penn, ex-rivais).
Com sua dose habitual de humor e provocação, Tim Kennedy não poupou críticas e comparou o momento atual do esporte, comparando nomes como Belfort e Sonnen aos escândalos de esteroides no baseball nos anos 90 e 2000 – em um dos maiores shows de doping da história do esporte.
Estamos na Era Barry Bonds, Sammy Sosa e Mark McGwire (estrelas da MLB flagradas) , onde é um uso louco e desenfreado de drogas para melhora de desempenho. Isso é um problema enorme. E não estamos acertando uma bola com um taco. Estamos acertando o outro na cabeça”, disparou Kennedy ao podcast Fight Opinion.
A verdade é que o cenário é de desconfiança, direcionada tanto a quem acusa quanto aos que são acusados.

Le em sua última pesagem
E cada novo caso, indício ou denúncia, como a recente divulgação de um trecho bastante condescendente de seu contrato com o Pride por parte de Enson Inoue, o quadro se agrava mais.
É preciso separar o joio do trigo.
Muito do que vemos por aí é retrato do nosso maior esporte nacional: uma combinação nada moderada de obsessão por teorias conspiratórias e total descrença em figuras públicas que possuam notoriedade – o que contrasta e é tão distorcido quanto o ufanismo simplista e os heróis planificados que tentam nos vender quase que diariamente.
Apesar disso, cabe a nós identificar o discurso por trás desse volume de informações, que por muitas vezes soa como um urro raivoso, e tentar entender essa incerteza.

Assim que assinou com o UFC
E ela se faz presente também na imprensa.
Há quem questione o sentido da relação estabelecida entre público e mídia e se pergunte se os veículos de comunicação são tambor que ecoa ou que faz ecoar o som que vem da audiência.
Que as relações comunicativas estão se transformando e se tornando cada vez mais complexas não há dúvidas.
Neste caso específico, se me perguntarem se a cobertura especializada reproduz os anseios dos fãs ou se os instiga com seus próprios, não poderei precisar.
Deixo a questão para a apreciação de vocês.
Pois neste cenário de ebulição surge e gera enorme alvorço uma foto de Cung Le, aquele mesmo de 42 anos e reconhecido por seu tipo físico atarracado, que não pode ser definida de outra forma que não nas palavras do camarada Renato Rebelo:
Alcançar essa vasodilatação e essa densidade muscular com o metabolismo naturalmente desacelerado de um homem de 42 anos sem a adição de hormônios sintéticos é praticamente um milagre”.

Como Bisping chegará no sábado
Então é caso encerrado? Não, e o problema é ainda maior do que isso.
Com as comissões atléticas cada vez menos rigorosas à medida que os cards vão se afastando dos Estados Unidos, não é de se esperar que autoridades se preocupem muito com UFC Fight Night 48, que acontece na China.
Além disso, conforme já mencionado pelo próprio Rebelo (nesse texto), sinceridade absoluta não é uma virtude muito comum aos envolvidos, e isso vale pro MMA, ciclismo ou baseball.
Mesmo anos após os supostos casos ou até suas próprias aposentadorias, os atletas não abandonam a mordaça e isso atrasa e muito a corrida antidoping.
Durante a media day do UFC Macau, Cung Le foi interpelado pela forma exibida na imagem e minimizou a situação, apresentando sua própria versão:
Aquela foi minha imagem real. Eu tinha acabado de sair da balança após um treino duríssimo. Eu tinha perdido 3 kg e, literalmente, havia saído da balança. Foi só um momento: ‘Certo, estou tão leve’. Eu me flexionei e alguém capturou tudo com uma luz perfeita. Se eu fosse daquele jeito o tempo todo, eu estaria feliz”, disse um gaguejante Le ao MMA Junkie.
Adversário do vietnamita-americano na luta principal do próximo sábado, Michael Bisping – que, coincidentemente, já foi derrotado por Wand, Belfa e Sonnen- abandonou momentaneamente seu estilo usual e adotou um tom ameno para comentar o fato, mas acabou deixando sua própria alfinetada no fim da declaração.
Quem sabe? Talvez ele seja realmente aplicado. Espero que seja o caso. Muita gente não tem certeza se ele fez ou não uso de PEDs. Tenho certeza que ele não fez. Tenho certeza que ele fez isso da maneira antiga. (…) Mas eu adoraria que fizéssemos um teste sanguíneo no sábado à noite”, sugeriu o Conde, também ao repórter John Morgan.
Mais pertinente do que identificar culpa ou inocência no caso que aqui serviu de mote é observar como a cruzada contra o doping no MMA já não aparenta mais ser apenas uma preocupação institucional e se tornou uma medida preventiva externa ao ambiente das próprias organizações e órgãos regulamentadores, com fãs cada vez mais interessados e participativos.
ATUALIZAÇÃO: A pedido de Bisping, o UFC bancará exames sanguíneos um pouco mais detalhados para ambos neste fim de semana.
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