
Cenário desfavorável
A notícia da renovação de contrato de Paulo Thiago com o UFC deve ter confundido muita gente.
Isso porque ela acontece num momento em que a organização trabalha com a política de tolerância (quase) zero.
Antes, dizia-se que perder três lutas seguidas era o passaporte para a porta da rua.
Hoje, o negócio é ainda mais complexo: o convite para passar no RH pode vir após duas derrotas e, em determinadas circunstâncias, mesmo depois de uma.
E o Caveira tem uma vitória nos últimos cinco combates.
Ou duas nos últimos oito, se preferir.
Mas, como nós sabemos e já abordamos por aqui, embora confusos, os critérios para manutenção ou demissão de um lutador no Ultimate estão longe de ser explicados por motivos esportivos.
Leonard Garcia só caiu depois de cinco derrotas consecutivas — ou oito, se contarmos as duas vitórias contestadíssimas contra Nam Phan; Dan Hardy perdeu quatro seguidas e seguiu no rol de lutadores; Steve Cantwell, como Garcia, precisou de cinco reveses para deixar a folha de pagamento.
No caso de Leonard, estava a seu favor sua vocação para fazer lutas emocionantes, embora sem tanta técnica; no de Hardy, havia o interesse do UFC em manter em um mercado diferente — o britânico — um atleta conhecido e carismático; já com Cantwell, só Deus sabe por que levaram tanto tempo pra mandar o cara embora.

Golpe de Umalatov (último algoz) entrando em São Paulo
Usando esses três exemplos — ser um lutador que ‘entrega’, servir a interesses do Ultimate ou residir em uma aura de completo mistério —, onde poderíamos encaixar PT?
Na segunda categoria, naturalmente.
Não nos esqueçamos de que, em setembro, haverá um evento do UFC em Brasília, terra natal de Thiago.
E que, nas últimas passagens da organização por aqui, o público não tem sido tão interessante quanto em outrora.
Soma daqui, diminui dali, noves fora e não há por que demitir o Caveira.
Outra possibilidade é a de que se tenha reduzido a bolsa de Thiago, como foi feito recentemente com Dan Henderson, em sua última renovação.
É algo perfeitamente possível de ter acontecido, uma vez que, pouco a pouco, ele deixou de ser um possível contender para se acomodar na rabeira da divisão até 77 kg.
Por outro lado, é só ver os eventos realizados no Brasil para perceber que Thiago, até por ser mais conhecido e ter a alcunha de policial, exerce uma força diferente no público.
Ou seja, com a calculadora na mão, demiti-lo não chegaria a ser um prejuízo, mas resultaria numa lacuna em cards regionais como aqueles em que o brasileiro tem sido escalado.
Por fim, há a influência de Wallid Ismail, cujo evento, o Jungle Fight, abastece o UFC o tempo inteiro com seus campeões — o que, evidentemente e dada a boa relação do amazonense com a organização, não é de graça e nem tem de ser.
Por isso, ainda que eu não acredite em nenhuma só palavra da sua justificativa para o fato de Thiago ser mantido no Ultimate, tenho muitos motivos para achar que sua força foi fundamental para mantê-lo na lista da elite do MMA mundial.
A história dele no esporte é muito grande. E o Ultimate não esquece quem tem história. Isso faz eles serem a Copa do Mundo. Estou muito feliz. O Paulo Thiago já começou lá ganhando prêmios de performance. Os caras que saem na porrada não são demitidos”

Koscheck: eterno salvo conduto?
A história de Thiago é grande, ok.
Mas o Ultimate esquece, sim, quem tem história (e talvez até seja melhor fazer isso).
Ele não ganha um prêmio de performance da noite desde 2010 e não fez lutas lá muito emocionantes desde então.
Mas, dito isso, não sei se eu trocaria um Paulo Thiago por um estreante qualquer.
Ainda que seja para tê-lo como parâmetro de estreantes — se faz luta dura com ele, merece ficar; do contrário, melhor sair —, eu manteria o brasiliense na folha.
E vocês?
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