Nas despedidas de Joe Silva, Mike Goldberg, Ronda Rousey, Johny Hendricks e 2016, a Leoa feroz foi oficialmente apresentada ao mundo e um novo campeão foi coroado.
O UFC 207, na T-Mobilie Arena, também ressaltou o brilhante TJ Dillashaw e o persistente Neil Magny – além de outros bons valores.
Cortando o papo furado, eis a minha humilde leitura sobre o que rolou de mais relevante em Las Vegas:
Neil Magny x Johny Hendricks
O Johny Hendricks que fez na mão por 50 minutos com Robbie Lawler não existe mais. O que existe é um simulacro do wrestler campeão da NCAA que bota os pulmões pra fora ainda no segundo round, dá mole para triângulos e é temeroso na trocação (contra o Neil Magny!). O Zé Orelha, por sua vez, também teve atuação abaixo da crítica. Com 30cm a mais de envergadura apostou em joelhadas e golpes na curta distância e, por isso, foi posto pra baixo com facilidade. E nem assim Hendricks venceu. Considerando que ele não luta mais com 77kg no UFC, suas chances de prosperar com esse frame no peso-medio são nulas. A coisa tá tão feia que sua esposa, Christina Hendricks, perguntou pós-luta no Face: “Bellator, estão contratando”? Eu acho melhor parar – que tá feio…
Dong Hyun Kim x Tarec Saffiedine
Melhor parte de Kim x Saffiedine: o fim. No caso, o grappler virou striker e o striker virou grappler, portanto, vimos praticamente uma luta amadora com o melhor de ambos em seus pontos fracos (fez sentido?).
Sinceramente, nem reparei se a decisão dividida foi injusta para com o belga, só queria que acelerassem o processo para vermos Lineker x Dillashaw. Proxima!
TJ Dillashaw x John Lineker
Inteligente, o americano fez exatamente o que precisava para vencer. Afinal, o que vale é a vitória e não se provar num concurso de macheza, certo? Pois bem, a receita, desde sempre, era chutar o rival (muito) mais baixo, não parar em sua frente e explorar a maior deficiência alheia (o grappling). Ou nos esquecemos que TJ é wrestler de origem? Grande diferença, também, em velocidade, movimentação e jogo de MMA em geral. TJ é um baita lutador e fez parecer fácil. 30 a 26 maiúsculo.
Cody Garbrandt x Dominick Cruz
Em quase 12 anos de carreira, Dominick Cruz ainda não havia encontrado o seu par no MMA. Deu um mole para uma guilhotina em 2007, é verdade, mas o seu volume de jogo jamais fora sobreposto. Foi hoje. Às vezes me choca a volatilidade desse esporte. Aquele que, para muitos, era o mais completo campeão do UFC encontrou-se inofensivo perante um garotão com apenas 10 lutas profissionais. Digo, em um round (traduzido em três knockdowns), o pescoço tatuado fez o que 20 homens não haviam feito em lutas inteiras. Garbrandt é simplesmente um contragolpeador rápido demais (na coletiva de imprensa, ainda se “chocado” com a lentidão do Cruz). A precisão e a potência de suas mãos – adestradas pelo tio desde a infância – em conluio com a dedicação ao wrestling no período colegial criou não só um candidato a lutador do ano, mas a maior promessa/realidade do MMA abaixo dos 26 anos. Barba, cabelo e bigode com direito a recadinho educado para o ex-amigo:
TJ Dillashaw, venha me testar, filho da puta!”
Amanda Nunes x Ronda Rousey
E chega ao fim a carreira de Ronda Rousey no MMA. Mais estática e desprovida de confiança do que nunca, a americana fez tudo o que não podia: ficou paradona na linha de tiro. Pela primeira vez, uma estrela de pay-per-view foi isenta de todas as obrigações midiáticas para focar na sua preparação e, mesmo assim, parecia que, um ano depois, não tinha a noção do que fazer ante uma striker superior. Se foi o caso de Ronda confiar em suas mãos e queixo, Edmond Tarverdyan deveria sair preso por estelionato da T-Mobile Arena (“ele fez ela acreditar que era uma boxer. Botou ideias loucas na cabeça dela”, endossou Amanda). Só espero, de verdade, que o pessoal mais chegado à moça a acolha da melhor forma possível – pois quem leu seu livro sabe que ela não lida bem com a derrota. Já Amana fez sua parte. Esteve irretocável, aliás. Fria, precisa e potente, a Leoa deu cabo, em 40 e poucos segundos, do monumental desafio que é estar exposta ao mundo na carona de uma popstar. Fica a minha torcida para que hoje tenha nascido outra (pelo menos no Brasil)…
Esqueçam a Ronda Rousey, eu sou a verdadeira campeã! Brasil, olhem para a Leoa porque agora vocês têm com quem contar”, rugiu a campeã.
Para os demais resultados e a resenha pós-evento, é só dar um pulinho no tópico do UFC 207 em nosso fórum.
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